18 de junho de 2016

Sobre mim

Esses dias me peguei olhando pra mim mesma e pensei:  “Socorro, preciso de algum lugar pra me expressar de alguma forma, pra descarregar toda essa energia presente em mim, não só negativa, mas tudo o que tá aqui preso de algum modo.” E como sou extremamente preguiçosa pra escrever manualmente e salvar arquivos no bloco de notas não está adiantando mais, resolvi criar isso aqui.

Vou começar escrevendo sobre mim, óbvio, porque a ideia principal aqui é eu me ajudar, claro. 

Nasci em 12 de Janeiro de 1996, sou capricorniana, embora o signo de Capricórnio tenha toda aquela coisa de responsabilidade e pessoa extremamente centrada, acho que vivo muito mais no meu mundo imaginário que na realidade, mas a parte da compulsão por trabalho e culpa existencial tá bem presente, isso é explicado com meu ascendente em Peixes, inclusive. Depois falo sobre isso aqui. Morei em Curitiba até os seis anos, depois morei em Cascavel, voltei aos 12 anos pra viver minha adolescência aqui em Curitiba, que não foi das melhores porque acho que assumi responsabilidades muito pesadas cedo demais, tive relacionamentos cedo demais, sempre fui tratada como adulta e como pessoa responsável sem fraquezas, mas serviu pra muito do que me tornei hoje.

No mais, não me recordo de muita coisa, sou péssima pra lembranças, tanto boas quanto ruins, só lembro de coisas que realmente fizeram diferença. E como com 19 anos sofri um acidente e tive traumatismo craniano, as lembranças são muito vagas. As vezes fico assustada quando alguém me diz que lembra de algo vindo de mim, porque tem coisas que parece que quando tento lembrar meu cérebro foi substituído por um chumaço de algodão. O que é bom na maioria das vezes, mas em partes é ruim.

Esse acidente foi um divisor de águas na minha vida e acho que vou começar falando dele, já que odeio falar dele e antes que alguém leia isso e venha perguntar ou só pra quem quiser saber como foi. Bom, foi uma coisa extremamente estranha e parece um flash da minha vida, uma piscada de olhos, algo que não consigo descrever com palavras. Me lembro de descer do elevador, desejar bom trabalho pra moça que cuida e acordar na ambulância sem sentir absolutamente nada e sem noção nenhuma do que estava acontecendo comigo. Foi uma sensação que eu nunca havia sentido e nunca imaginei que fosse capaz de existir. Passei um tempo no hospital e o que eu mais fazia era pedir desculpas pros meus familiares que vinham me ver com o coração na mão. 

O que foi mais interessante, foi saber a quantidade de pessoas que se importam comigo e eu não sabia. 

O que foi ruim, foi perceber que REALMENTE quando você ta numa situação extrema, ninguém está lá pra te levantar, te dar apoio emocional que seja o suficiente pra suprir a dor que você sente, o medo, é você e você e acho que aí, bem aí, aprendi a ter amor próprio e realmente ser suficiente pra mim mesma. 

Nesse momento. Achei mesmo que não fosse sobreviver, mas aqui estou vivíssima e sem seqüelas físicas. Mas as psicológicas acho que foram o que me mudou realmente. Depois que tudo passou, que me recuperei fisicamente, comecei a ficar estranha, me sentir meio fora de mim e cheia de inseguranças que não imaginei que fosse capaz de sentir. Comecei a desligar o celular por medo das pessoas me convidarem pra sair, a fazer força pra levantar da cama e ir fazer tarefas normais do dia-a-dia. Era muito esquisito, porque sempre fui uma pessoa supermotivada a cumprir com as minhas obrigações e de repente estava olhando pra minha vida e não vendo nada de interessante que fizesse me levantar pra enfrentar a rotina e não era culpa de ninguém. Até que fui diagnosticada com depressão e fobia social, decorrentes do trauma que passei. OK. Fiquei chocada, assustada, com medo, apavorada, escutei vários: “Mas todo mundo fica triste, você tem tudo, sobreviveu à algo horrível, você é maravilhosa, não precisa ficar assim.” Mas fiquei, ué? É uma doença, não é algo que eu possa ter controle, de repente cair na real que minha vida é perfeita. Agora tomo um remédio que ajuda na vitamina que tenho deficiência, espero parar de tomar logo, enquanto isso, acho que vou documentar os meus progressos. E ah, fez um ano agora no dia 11 que tudo isso aconteceu. 

Tinha vergonha de falar sobre essa ultima parte porque achei que fosse me expor demais, mas nem ligo, sabe, acho que podem existir pessoas que tenham esse mesmo problema e tenham vergonha ou medo de procurar ajuda. Então eu vou falar sim e não vou ficar me guardando dentro de uma caixinha com sete chaves porque a vida é curta demais pra isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oh, no! © , All Rights Reserved. BLOG DESIGN BY Sadaf F K.