Nós de vinte e poucos anos,
atualmente, somos de uma geração muito diferente, digamos que revolucionária,
em relação às mudanças que ocorreram entre as gerações passadas.
Mas também, somos a geração que
mais sofre com problemas psicológicos.
Por que? É por culpa da
tecnologia? Dos relacionamentos instantâneos que tentamos sustentar? Da rapidez
que as informações correm por aí? De toda a responsabilidade que recai sobre os
nossos ombros aos vinte e poucos anos, escutando nossos pais/familiares dizendo
“COM VINTE ANOS EU JÁ ERA CASADO(A), JÁ TINHA FILHOS, JÁ TINHA MINHA PRÓPRIA
CASA E MEU EMPREGO FIXO QUE TRABALHEI POR MAIS DE DEZ ANOS.”
Como assim? Talvez seja o
conjunto de tudo isso e um pouco mais.
A vida atualmente é regida pelo o
que você vai ser no futuro. “VOCÊ PRECISA SER ALGUÉM”, precisa entrar na
faculdade aos 17, escolher seu curso na faculdade quando não tem maturidade nem
pra escolher que sorvete vai tomar, lidar com a pressão dentro de casa, a
pressão da faculdade, trabalhar, estudar, se formar, ter idéia do que fazer
quando se formar, enfrentar toda a competitividade presente em todas as
profissões, o machismo (no caso das mulheres). Tudo isso pra chegar em algum
lugar um dia e ser “alguém” na vida. E enquanto você não é alguém na vida, o
que acontece? Parece que precisamos chegar em um ponto de estabilidade e
estamos sempre buscando esse ponto de estabilidade. Mas, novidade: ELE NÃO
EXISTE.
Tudo requer esforço, não estou
dizendo que não quero me esforçar pro meu futuro ou que discordo do esforço.
Mas até que ponto vale a pena o desgaste psicológico?
Por que eu não posso esperar ter certa
idade pra ter realmente a noção plena e maturidade pra começar o curso que eu
quero sem me sentir uma atrasada na vida e que estou perdendo o futuro? Por que
essa necessidade tão grande de ter uma vida montada o quanto antes? Se não
estamos no cargo sonhado, se não temos casa, carro e casamento, somos perdedores.
A sensação martelando o tempo
todo dentro da cabeça de que precisamos resolver a vida e ter estabilidade até
os trintas anos, porque caso contrário, seremos fracassados.
Paro e analiso tudo isso à minha
volta e fico chateada comigo mesma por me cobrar pra ter isso, esse futuro
idealizado aos trinta anos e as vezes esquecer do que estou vivendo agora. Vejo
muita gente da minha idade, conseguindo coisas que pra mim são distantes e fico
pensando: “será que não me esforcei o suficiente?” Acredito que não seja só eu.
Sabe o que eu acho? Acho que
quando você escolhe fazer o que gosta, com calma, sem pressão, de acordo com a
sua maturidade, sem interferência de terceiros e se esforça na medida do que
consegue, sem dar ouvidos ao que a sociedade grita no seu ouvido. Você não
precisa ser “alguém” na vida, porque você vive a vida sendo alguém já. Você
traça seu caminho, sobe as escadinhas no seu ritmo, no seu tempo, do seu jeito
e é o que eu quero aprender e o que quero que todas as pessoas à minha volta
que vejo tendo crise de ansiedade por conta da faculdade ou porque não tem uma
casa com vinte anos, aprendam.
A vida é muito curta e às vezes
deixamos tantos detalhes pequenos passarem. Às vezes você não chegou onde quer
chegar ainda, mas toda a evolução que teve até o ponto que chegou foi muito
maior do que se você tivesse chegado.
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