Acho que esse é um dos assuntos
mais delicados que vou tratar aqui, espero não ser entendida errado, porque
essa é a minha concepção em relação ao MEU problema e claro que não sou
especialista em psicologia, psiquiatria ou coisa do tipo, só me deu a vontade
de explicar o que é e passar um pouco do meu lado pras pessoas. Quem sabe elas
leiam e consigam me entender um pouco mais.
A fobia social, segundo o Google,
é um transtorno advindo da ansiedade (o mau do momento).
O que é em resumo total: “a
fobia social a pessoa se sente ansiosa em "situações sociais", quando
poderia se sentir observada pelos outros. A pessoa fica insegura, temendo pelo
seu desempenho e preocupada com o que poderão pensar dela naquele estado. O
grau de ansiedade pode ser muito intenso, podendo chegar a uma crise aguda de
ansiedade. As situações sociais temidas podem ser variadas, como escrever na
frente dos outros, falar em público, comer em locais públicos, entrar em
lugares cheios, ir a um evento social, fazer uma entrevista de emprego,
encontrar um conhecido etc. O Transtorno de Ansiedade Social pode ser
classificado em dois subtipos. Um subtipo
denominado generalizado, na qual a pessoa teme quase todas as situações
sociais: conversar, namorar, sair em lugares públicos, falar, comer, escrever
em público, etc . E um subtipo
denominado não generalizado, ou restrito, no qual a pessoa teme uma ou poucas
situações sociais específicas. Durante
a situação social a ansiedade tende a persistir levando a pessoa a enfrentar
níveis altos de sofrimento. Quando sai da situação, a ansiedade tende a
diminuir significativamente, o que reforça tendências de fuga e evitação de
novas situações. A própria
expectativa de ter que enfrentar situações sociais já pode ativar ansiedade,
levando a pessoa a evitar estas situações temidas. Este comportamento de
evitação pode ir limitando significativamente a vida da pessoa.”
Mais uma observação, a fobia social é diferente de timidez, se você é tímido(a) e leu isso, se identificou, PELO AMOR, analise um pouco mais a situação antes de se autodiagnosticar.
Bom, depois de muito bem
explicada essa parte, vou explicar a minha parte.
Depois que sofri um acidente,
minha vida começou a mudar. Sempre fui um pouco introvertida, mas mantinha
bastante contato com as pessoas, não só as próximas, mas me via cheia de “amigos”.
De repente, eles foram diminuindo gradativamente, coisa normal na vida de uma
pessoa normal, porque vamos envelhecendo, as obrigações surgindo, a rotina
sempre presente, mas tinha algo estranho alí.
Tinha algo ali, tipo eu achar
normal alguns tipos de comportamentos: É normal desligar o celular por medo de
alguém te convidar pra sair? É normal se sentir mal em todos os lugares em que
vai e um desejo extremo de ir embora? É normal passar por uma luta interna
antes de sair pra qualquer lugar com qualquer pessoas diferente das do seu
convívio diário? Ficar cinco dias sem responder os amigos nas redes sociais por
algum motivo inexplicável?
Não, não é normal. Precisei ir ao
médico pra perceber que não é uma coisa advinda da minha timidez ou
introversão. Era algo maior que isso.
O convívio com uma pessoa que tem
esse problema, mesmo que não muito avançado, como o meu, é MUITO difícil, aqui
vão algumas dicas:
Persistência: não desista de alguém que tem fobia social, não fique
bravo ou chateado se ela desmarcou E POR FAVOR, NÃO PENSE QUE É MALDADE OU
COISA PARECIDA. PORQUE ACREDITE, NÃO É.
Acho que a maior dificuldade que
passei nesse tempo é escutar a frase: “você não se esforça”. Se as pessoas
soubessem o quanto me esforço, acho que muita coisa iria mudar no meu meio, mas
acho que a coisa mais difícil, embora seja pregado o tempo todo, é encontrar
alguém que tenha empatia a ponto de chegar e te perguntar o que está
acontecendo ao invés de te julgar.
De qualquer forma, obviamente não
estou sozinha, tenho muitas pessoas que me entendem e lutam por mim. Fazem o
típico seqüestro de vez em quando e cuidam de mim de uma maneira que dá pra me
sentir extremamente confortável.
Eu saio bastante, mas é um
verdadeiro parto pra eu conseguir, porque sempre fico achando um monte de empecilhos
e até agora não consegui entender muito bem o motivo.
Também, ter fobia social não é
ser uma pessoa doida que se esconde de tudo e não consegue chegar perto de
ninguém estranho. Eu converso, sou simpática, mas me abrir? Consegui me sentir
à vontade? É algo muito diferente.
Sabe aquela desviada que você dá
de vez em quando pra não encontrar alguém conhecido porque não está se sentindo
bem? Imagine isso todos os dias, todo o tempo. É basicamente isso.
Resolvi escrever um pouco sobre
isso porque estou melhorando cada dia mais e isso é demais, esse blog é um dos
meus exercícios pra melhorar um pouco. Perdi muitos amigos porque provavelmente
eles acham que não me importo porque não tive coragem de contar pra eles sobre
esse problema. E também, espero de
coração que quem sofra desse mesmo problema, venha me chamar: porque vou
responder rapidinho sim e posso te ajudar muito em exercícios e coisinhas
parecidas, além do que escrevi aqui.
A primeira coisa a fazer pra
melhorar, é tirar um pouco do seu dia, pra reservar só pra conversar com um
amigo, uma amiga, ligar pra alguém que não seja tão próximo e contar seu dia ou
só ouvir o dia.
O segundo passo, é tentar sempre
sair, mesmo que não tenha vontade, mesmo que doa em você, tentar sair e se
procurar as coisas boas no lugar onde estiver.
Convide amigos pra ir à sua casa,
ou peça pra eles te fazerem uma surpresa: como aparecer do nada na saída do seu
trabalho e sem te avisar pra não te causar a possibilidade de desistência ou
inventar alguma desculpinha.
E por enquanto é isso, se eu pensar em mais alguma dica, atualizo o post.
Se tiver vergonha de me perguntar, pode mandar em anon aqui: https://curiouscat.me/laryssab
Ilustração da ilustradora e designer brasileira Brunna Mancuso.